domingo, 20 de janeiro de 2013

Sistema de #cotas, atalhos evolutivos ou como pular do espaço sem para quedas. por Felipe B

Acabo de assistir "Space Dive", um documentário da National Geographic/ BBC, dirigido por Colin Barr.

Estou chorando. Muito mais do que chorei no dia em que Felix Baumgartner pulou do espaço. Naquela ocasião só importava o feito e seu apelo midiático.

Aqueles que assistiram ao vivo ou tiveram apenas a chance de ver o feito comentado na MSM não imaginaram o imenso trabalho de back office que permitiu a quebra daquele recorde, a realização daquela conquista humana.

O documentário acompanha a trajetória de quatro anos até a realização do salto. É uma aula de PMI e sobre gestão de pessoas em times de trabalho. Um tratado sobre limites humanos.

Erros e acertos.

Uma prova de que não existem atalhos quando o que está em jogo é fazer o que a maioria das pessoas considera impossível.

Mas o meu choro não é por causa da manipulação emocional impecável que o diretor/roteirista conseguiu imprimir ao filme.

Meu choro é provocado pela raiva que me dá perceber que o sistema de cotas JAMAIS levará as pessoas que caem nessa armadilha ao mind set correto para estabelecer metas ambiciosas, no tempo correto, com os agentes certos realizando as suas funções.

Choro pelo tempo que estamos perdendo com o sistema de cotas ao não incentivarmos a superação através do esforço, do alavancamento de talentos em áreas-chave do pensamento humano.

No final, nos sobra a estátistica das migalhas, comparação de notas de cotistas com aquelas dos alunos do sistema universal. Uma fantasia perigosa, com dados cuidadosamente escolhidos para desenhar um quadro favorável.

Mas resultados, ideias, novas tecnologias, novos métodos e teorias para lidar com nossas mazelas sociais e desafios tecnológicos, start ups capazes de revolucionar a maneira com a qual o Brasil e o mundo lidam com o conhecimento e suas possibildiades, nada disso saiu da pena (ou dos teclados) de cotistas.

E se nada for feito com urgência, tudo continuará igual. Uma imensa massa de manobra com diploma de nível superior. Agradecidos. Corpos dóceis ao bel prazer dos sistemas de poder. Mentes dóceis, incapazes de transgredir para elevar os patamares da existênca humana.

As lágrimas secam, mas o trabalho, não. Muito para ser feito. Para convencer essa massa enganada que escola pública não é impeditivo para ascender intelectualmente, socialmente ou profissionalmente.

A única limitação é deixar alguém com uma caneta nas mãos decidir por você como será o seu futuro.

Aqueles técnicos (sim, técnicos. São necessários para qualquer país que sonhe em superar suas dificuldades) e engenheiros responsáveis pelo feito de Felix Baumgartner sabem o valor de ter a frustração como combustível para a superação.

Estão tirando esse elemento importante da vida dos cotistas. Estão querendo atalhos onde eles não podem existir.

Falta foco. Falta planejamento. Falta meta.

Pular do espaço é possível. Mas com o sistema de cotas, estão fazendo o Brasil saltar do espaço. Sem paraquedas.

Ainda dá tempo de abortar a missão e fazer direito.

Falta é vontade política.

Assassinos de mulheres a solta... dentro de casa.

Tenho insistido em relatar os casos de estupro e feminicídio para que se entenda a diferença dessas ocorrências em relação à violência cotidiana na Brasil. Matar, torturar, agredir e humilhar mulheres, tolhendo a sua existência plena sob um duvidoso prisma moral e comportamental virou uma prática sistemática no século 21.

Mas ainda é tempo de mudar.

Oferecer mecanismos que não tornem a mulher agredida vítima duas vezes (no ato da agressão e na busca por justiça, quando não raramente são consideradas culpadas pelo ato hediondo) é um caminho fundamental para começarmos a virar o jogo.

Que nossas meninas cresçam sabendo que podem viver de forma livre sem terem que receber "punição" por seu gênero.

O jornal O Globo de 20/12/2013 publicou números alarmantes sobre estupro no Brasil. Com foco no aumento de denúncias

Felizmente nossos números ainda estão longe dos EUA e Suécia, onde o estupro é uma epidemia, mas existem salvaguardas para que precisa denunciar esse crime. Não podemos relaxar. Deixar cair no esquecimento.

Até pelo fato do perigo não estar apenas lá fora, na rua, nos casos extremos. A maioria dos agressores está dentro de casa. Membros da família. E que contam com o acobertamento de outras mulheres no mesmo grupo familiar.

Temos uma pequena India dentro de nossas casas, com um código de (falta) ética e humanidade bem diferente na vida privada do que aquele que é assumido na esfera pública.

E em qualquer classe social. Com agressores e mulheres não-solidárias com as vítimas (coniventes com os agressores, seja por concordarem com o ato ou por serem coagidas) que ostentam formação superior.

Não é apenas uma questão de educação. É uma ideologia.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Estupro, feminícidio e infanticídio: epidemia

Começo o dia falando, mais uma vez, em estupro, feminícidio e infanticídio. Crimes que desmonstram claramente o nosso nível corrente de evolução social.

Infelizmente. Dessa vez a vítima tem dois anos de idade. Vão considerá-la culpada também, como fizeram com a moça em São Paulo?

A bebê foi violentada até a morte, aqui mesmo, no Rio de Janeiro, essa cidade linda e humana. Não, não feche os olhos.

Realmente alguém acredita que 30 anos de cadeia vão recuperar o sujeito que fez isso, o próprio padrasto? Ou o clamor popular leva a mudança imediata das leis, com castração química e incapacitação social do agressor ou logo os algozes não terão direito a justiça alguma. Morrerão nas mãos de cidadãos comuns.