sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O retorno


Lia está com quase oito anos. Dora cruzou a barreira dos três. Inteligentes, questionadoras e sensíveis.

Imagine essa dupla sem escola, quase no final de fevereiro. Loucura em casa.

É que estamos voltando para o Rio de Janeiro. E, antes de sabermos exatamente o novo endereço, nada de selecionar o estabelecimento que vai receber nosssas meninas.

Dessa vez, para evitar os tropeços financeiros dos outros anos, vamos tentar pagar seis meses antecipados, caso as duas venham a estudar em escolas particulares.

Tenho me tornado favorável ao ensino público. O principal motivo é a carência de qualidade pedagógica em muitas escolas particulares, com currículos defasados e pasteurizados.

Virou moda "comprar" conteúdo programático de grandes grupos educacionais, quase como uma franquia.

O professor, munido de material padrão, obviamente fica menos estimulado a desafiar o processo cognitivo da molecada e acabam colaborando para formar uma geração de robôs voltados para o vestibular.

Outro incomodo frequente nas escolas particulares é a febre de consumo da classe média, personificada nos bens de consumos portados pelos pequenos.

Celular, MP3, video-game portátil, câmeras digitais. Não sou cotra nada disso. Mas o jogo do "eu tenho, você não tem" está cada vez mais precoce.

Na escola pública o próprio perfil sócio-cultural de alunos e pais se encarrega de corrigir certas distorções consumistas.

Efeito colaterais? Apenas a exarcebação do medo que temos do outro, do diferente, do supostamente pobre e sem formação intelectual-cultural.

É claro que não vou colocar minhas filhas em uma escola pública sem condições adequadas. Instalações, professores e alunos devem ser avaliados. Mas não demonizados.

E cá entre nós, sexo precoce, violência, funk e axé são coisas que nossas filhas enfrentam mesmo estudando em tradicionais escolas de elite.

E como...

Vamos lembrar que aqueles que criam pérolas como o big brother e outros produtos dessa natureza foram formados nas melhores escolas particulares do Brasil...

Veremos como o Rio de Janeiro vai nos receber...

Um comentário:

  1. As meninas estão simplesmente lindas. :-)
    E é muito legal o questionamento que você faz, porque, salvo se eu estiver muito errada, o poder aquisitivo um pouco mais equalizado (afinal, quem não tem iPod compra MP3 falsificado no camelô) coloca o amor pelo consumo (de tudo e todos) num patamar parecido, não importa muito o meio.

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