segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Não existe lugar para enciclopédias em um mundo que precisa inovar e evoluir.

Vendo a filha menor fazer trabalho de casa no domingo me caiu a ficha que o saudosismo que nutrimos por Life, Barsa e Britannica (essa evoluiu e existe apenas em suporte online) é incompatível com a realidade da formação de conhecimento atual.

A Barsa, por exemplo, cobra R$ 3185,00 por 18 volumes e um DVD-ROM. Isso mesmo: um jurássico DVD com conteúdo "multimídia" (seriam os sons dos dinossauros?)!!! Por esse valor você consegue um tablet de boa qualidade, paga o Virtua e consulta o acervo das maiores universidades do mundo.

Claro, é importante estimular as crianças a curtir literatura e a usar livros de referência com sabedoria. Mas enciclopédias já eram anacrônicas quando eu era pequeno, com um gap enorme na atualização das informações. Hoje não fazem o menor sentido.

É melhor ensinar as crianças a pesquisarem nos meios digitais com método e eficiência, respeitando as indicações bibliográficas e as normas de citação.

Enciclopédias não tem lugar em um mundo que precisa de inovadores que pensam criativamente.

sábado, 5 de outubro de 2013

Dois estupros de crianças. Duas realidades. O lado B do Rio de Janeiro que ninguém quer ver.

Dois estupros (entre as centenas da semana) marcaram o Rio de Janeiro nos últimos dias: uma menina de 9 e uma menina de 12 foram violentadas.

A menina de 9 foi estuprada e estrangulada por um facínora de 22. Ela saiu de uma festa de aniversário com a família e voltou para buscar o brinde, que havia esquecido. Todos se conheciam. Ninguém desconfiou do novo morador, trabalhador, jardineiro.

Ele cometera crime semelhante no Nordeste, 5 anos atrás. Ela não vai voltar para relatar os minutos de terror, as mordidas sofridas, a violação e o estrangulamento que abreviou sua vida.

A menina de 12 foi estuprada por um grupo de meninos entre 13 e 16 anos. Sobreviveu, mas não sem sequelas. Fizeram um vídeo com o estupro e espalharam para os colegas da escola, via WhatsApp. Todos os agressores filhos de pais ilibados, estudando em escola cara, de elite, todo mundo acima de qualquer suspeita.

O agressor da menina de 9 foi preso. A comunidade do local no qual a menina morava, a Rocinha, revoltou-se e cobrou solução.

Os agressores da menina de 12 estão protegidos. A comunidade na qual a menina mora, um condomínio classe média alta no Itanhangá, Barra da Tijuca, prefere esconder o crime sob o manto da inconsequência adolescente. "Coisa de criança, sabe?" ou "A menina era safadinha mesmo, uma putinha. Afinal, o que ela foi fazer na casa dos meninos?". Conhecemos bem esse papo, não?

Eu nunca me canso desse assunto. Passei boa parte de 2010, 2011 e 2012 escrevendo sobre o tema no blog Pai de Menina.

As famílias brasileiras estão dando liberdade equivocada para seus filhos. A partir do momento que alguém sob sua responsabilidade pode violentar alguém, em sua própria casa e na mesma noite exibir o vídeo com o crime em redes sociais, sem que os pais saibam, algo está fora de controle.

Esses estupradores vão ganhar presentes. Seus pais vão pagar intercâmbios e tirá-los do país. Voltarão com a ficha limpa.

O vídeo da menina nunca mais vai parar de rodar as redes sociais e canais de distribuição de vídeos. É impossível. Ela terá que conviver com essa mácula na sua vida.

Sem falso moralismo, mas não custa nada prestar atenção no nossos filhos andam fazendo, seja na vida, seja online.

Digo e repito: até os 18 anos, se mora em minha casa, é sustentado por mim e usa recursos que eu pago, não vai ter privacidade digital. E, sim, terá que dar satisfação de seus passos.

Uma medida que não assegura que nada irá acontecer. Mas que faz com que eu não fuja da responsabilidade parental.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Não podemos salvar 1600 sírios mortos. Mas podemos reduzir a morte anual de 300 mil mulheres. Vale? Por Felipe B

Supostamente, um crime de guerra matou 1600 homens, mulheres e crianças sufocados com gás. Ficamos chocados.

Tá.

Estamos escravizados pela noção do valor da vida humana de acordo com o impacto midiático. Não, não se trata de sermos burros ou culpados. O produto midiático é cuidadosamente pensado para ter esse efeito, chocar, anestesiar, nos tornar impotentes, em todas as demografias possíveis.

Assim, sofremos mais com o suposto crime de guerra no qual morreram 1600 pessoas do que com as 300 mil mortes anuais de mulheres com câncer no útero. E o mais impressionante é que, de fato, podemos ajudar a reduzir essa mortalidade feminina absurda. E podemos fazer isso apenas com palavras, até mesmo fora do Facebook e das demais redes sociais.

Para isso, é preciso saber ouvir o outro, entender o que impede essas mulheres de fazer exames preventivos e, a partir dessa compreensão, estabelecer uma empatia que permita sermos "invasivos do bem" e trocar ideias que possam ajudá-las a salvarem suas vidas. E ainda mais importante: que se tornem multiplicadoras, seja em suas próprias famílias, seja em suas comunidades.

E os desafios são muitos. 95% dos casos de câncer no útero demonstram que o vilão é o HPV. 70% deles causados pelas cepas HPV 16 e 18.

E para falar de HPV temos que conversar com mulheres estranhas sobre seus hábitos sexuais. E, muitas vezes, elas tratam os próprios hábitos sexuais como apenas mais uma tarefa doméstica, uma consequência do matrimônio ou da relação estável na qual estão envolvidas.

Nosso cenário: 35% das mulheres brasileiras nunca fizeram exame papanicolau.

Me assusta imaginar quantas não sabem o que é HPV e desconhecem sua relação com o câncer no colo do útero.

Se já é difícil levantar uma questão que envolva sexo e sexualidade com mulheres urbanas, descoladas, educadas, de classe média, imagine então ter que dialogar e ouvir mulheres da zona rural, muitas delas sufocadas por barreiras de cunho religioso e moral?

É uma dificuldade que precisa ser vencida se quisermos ajudar as mulheres a viverem com saúde.

E isso, sim, é mais importante do que especular sobre uma matança na guerra. É uma atitude humanitária que está ao nosso alcance. Conversar e empoderar mulheres de todas as demografias antes do condilomas surgirem.

Para começar, é preciso que se faça um ajuste da linguagem, se queremos quebrar barreiras.

Não tente entrar numa comunidade de prostitutas, por exemplo, e começar a falar de genitais sem empregar termos populares. Se quer ajudar, acostume-se a falar e ouvir sem choque como aquelas mulheres lidam com suas "bucetas", "rachas", "xoxotas", "buracos". Não é para chegarmos lá "cagando regra". É para entendermos como pensam e agem em seus cotidianos para que possamos conversar e disseminar informação útil para que se previnam. Para que possam estabelecer práticas entre seus clientes e parceiros que as preservem.

Vejam bem: para muitas dessas mulheres, o que acontece dos lábios vaginais para dentro é uma incógnita e raramente motivo de preocupação. Elas estão mais preocupadas com o que conseguem enxergar e ainda assim, dão preferências as análises visuais. Feridinhas e manchas. Nelas ou nos parceiros. Ainda assim, contaminam-se com frequência com DSTs que já deveriam estar extintas, como sífilis e gonorréia. E continuam a trabalhar assim.

Ou seja, falar de HPV é quase como falar de astronomia. Precisamos simplificar. E não adianta dar cartilha para quem não sabe ler. Adianta ouvir, atentamente. E a partir daí, conversar longamente. Sem pudores, sem pressa. Em todas as oportunidades possíveis. Até que a importância da prevenção e da higiene entre os atos, além do emprego das barreiras físicas esteja disseminado em seus repertórios, em sua própria linguagem.

Com as religiosas e as que tem barreiras sócio-morais mais rígidas, a situação é complicada, mas não impossível.

Ouvir. Descobrir quais são as brechas. O método de investigação ai é muito próximo daquele usado com mulheres que sofrem abuso sexual doméstico, mas não o percebem dessa forma. Estamos falando de mulheres que, em 2013, jamais questionaram seus marido e companheiros sobre seus hábitos sexuais fora do casamento.

São mulheres que, hoje, não tem estratégias de defesa, esperteza, para evitarem que um pau contaminado chegue da rua,  seja da amante, seja do puteiro, e entre direto dentro de suas bucetas. Não é preciso conflito nem quebra de paradigmas, o que seria uma utopia. Mas podemos, sim, disseminar esse "jogo do eu primeiro".

Se elas, infelizmente, não podem ou não querem dizer não, e se o uso da barreira física é impossível (seja camisinha feminina ou um diafragma, seja camisinha no marido ou companheiro), que usem o banheiro e apliquem um gel vaginal antiviral lá dentro, antes da relação começar. Defesa, defesa, defesa. Sabemos que é difícil. Mas podemos desistir?

Se existe um mínimo de diálogo, que se "insufle" o ego masculino, dizendo que o pau dele vai ficar "mais bonito e maior" se circuncidado. Vejam, não se trata aqui de redefinir os comportamentos íntimos e relações de gêneros. Tampouco de  promover abstinência sexual. Mas o ego masculino (e o machismo por ele gerado) mata mulheres. Ponto.

Trata-se de salvar mulheres, antes de tudo. Sim, pode ser um começo de mudanças nas relações, mas não posso ser ingênuo a ponto de achar que vamos salvar o mundo em um pacote só. Quero primeiro salvar vidas. E não provocar que essas mesmas vidas venham a ser perdidas por um tiro ou facada de um machista.

É importante que essas mulheres construam um "repertório de guerrilha", que salve primeiro os seus corpos e das suas iguais, que possa ser disseminado em toda as oportunidades de conversas femininas, seja na quemese, seja na hora da reunião com a consultora da Avon. Estão sozinhas, podem conversar, que coloquem essas questões em pauta.

Da mesma forma não adianta tentarmos "moralizar" as jovens mulheres que usam o corpo como ferramenta de aceitação social, seja no ambiente urbano (as meninas do funk…), seja no ambiente rural. Precisamos jogar com as palavras dela. Sim, é bacana educação sexual em sala de aula, mas é preciso ouvir essas meninas no ambiente privado, no olho no olho, estabelecer um jogo de confiança e promover a aproximação delas com as mulheres de suas famílias, para que construam mais do que discursos repetidos.

Elas precisam construir estratégias de defesa. Precisa ser normal uma mãe, tia ou irmã mais velha poder dizer para as meninas da família que aquela saída estratégica para uma "mijadinha" depois do ato sexual é uma atitude obrigatória, já entrando naquelas estratégias simples de cuidados pessoais, para livrar-se de secreções masculinas prejudiciais. Obviamente, não "limpa" tudo, mas é melhor do que nada.

E que esse repertório chegue logo aos ouvidos das meninas de 10,11 anos de idade. E que chegue como "boas práticas" aos meninos de 8,9, 10, 11 anos. A única maneira de mudar esse cenário é ter uma geração de homens que não aprenda a ser menos machista conceitualmente, mas sim na prática, no cotidiano. E, principalmente, em sua noção de relações íntimas. Meninos que aprendam, desde cedo, a observarem-se e entenderem que podem estar seguros ou não para ter contato com uma mulher.

Passar de mãe pra filho que higiene é mais importante do que beijar bem. Do que tamanho de pau. Tem que começar em casa. Meninos precisam saber que prevenção contra o HPV é OBRIGAÇÃO DE TODO HOMEM. E quem tem que colocar isso na cabeça dos meninos, desde cedo, é a família.

E, até onde sei, meninos novinhos, bem novinhos, costumam escutar suas mães. Nossos meninos precisam saber (e disseminar, e repetir para os amigos, e tornar esse conhecimento senso comum entre a molecada) que metade dos homens do planeta tem HP e boa parte desses levam consigo o HPV 16 e 18, os vilões invisíveis que matam as mulheres que amamos. E que nos matam também, quando os recebemos de volta, inclusive via sexo oral (câncer na boca e garganta…).

Abro uma digressão para falar de um cenário ainda mais delicado: relações lésbicas, sejam elas dentro de um ambiente urbano repleto de informação ou na obscuridade de um Brasil rural preconceituoso e hermético (tá bom, nossa cena urbana não difere muito nesse sentido).

Convivo intimamente com mulheres lésbicas e bissexuais há 25 anos. Em todos os tipos de relação e conjunção que possam imaginar: casais, trios, mulheres que trepam com outras e outros, mulheres que são fiéis, mulheres que são promíscuas, mulheres envolvidas em relações de poliamor. Em comum a esse caleidoscópio de possibilidades erótico-afetivas está o fato de que todos temos segredos. E em relações lésbicas, alguns segredos beiram o tabu.

Falamos de violência física e moral contra as homossexuais, mas não falamos das intra-violências das relações, como guardar segredo sobre o uso compartilhado de consolos, vibradores ou mesmo penetração com homens fora das relações "oficiais". O jogo do segredo, no campo comportamental não será questionado aqui. Todos temos.

Mas quando a saúde feminina está em jogo, quando existe incerteza quanto à saúde da parceira eventual, manda o bom senso preservar a outra. E nós sabemos que quando a tequila faz efeito, a última coisa que fazemos é um exame detalhado ou checagem de antecedentes. E entre mulheres, aquele "banheirão" ou "perdido" eventual são ainda mais frequentes do que em relações heterossexuais. Sim, aquela dedada inocente na desconhecida e a sacanagem suprema de enfiar a mesma mão na menina que você fica/ namora, que te encheu de orgulho na balada e apimentou a relação de vocês é um comportamento de risco. E, sim, é importante pensar nisso. Muito.

Ah, meninos, ainda na mesma digressão: o HPV também é vilão quando se fala de câncer anal. Não, não fuja do assunto não. É fato. Ou seja, se a sua praia é pau, pulso, brinquedos, cinemão, banheirão, dark room, fique ligado: você sabe que não vai dar conta de adivinhar quem tem e quem não tem, não é mesmo? Porra, brother, tu é inteligente. Morrer de tesão não é o mesmo que deixar o tesão de matar. Pense nisso.

O mesmo vale para as meninas mais novas que envolvem-se em jogos sexuais: realmente acredito que o repertório que assegure a defesa do corpo tenha que ser desenvolvido e disseminado antes que a vida sexual ou os jogos de afirmação social (com sexo, bebida, alteradores de consciência…) se iniciem.

Eu quero que minhas filhas possam trepar com as mulheres e homens que elas escolherem, mas munidas de todas as estratégias para que possam fazer o que quiserem sem perder o prazer espontâneo ou prejudicar a saúde. E que possam disseminar essas boas práticas entre seus parceiros e parceiras.

A gente pode e deve ajudar a reduzir essa mortalidade absurda de mais de 300 000 mulheres por ano. Mas temos que ter coragem. E senso de indignação. O mesmo que demonstramos quando assistimos uma matança como essa na Síria.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Crianças matam, pais se omitem: seguimos juntos na ilha da fantasia da família perfeita.

Lamento muito pelas famílias que insistem em argumentar que seus parentes adolescentes não poderiam cometer crimes hediondos por serem "bonzinhos" ou "quietinhos".  Pior ainda: atribuir "às forças do mal". Bando de patetas.

Ao mesmo tempo que rogam inocência, não querem mergulhar no universo obscuro que pode girar em torno de uma criança. Seus segredos. Seus medos. Seus conflitos. E como essa mistura pode dar em um caldo complicado quando aliada a falta de discernimento relativo aos conteúdos e a natural influência externa.

Isso, claro, quando a própria família não é O problema.

A responsabilidade pelos contextualização dos conteúdos aos quais nossos filhos tem alcance é EXCLUSIVAMENTE NOSSA. Não é a escola. Não é o pai do amiguinho ou amiguinha. Somos nós que temos a obrigação de perguntar, sempre, o que a criança viu, o que aconteceu, com o que ela teve contato.

E as formas de fazer essa investigação não podem ser a de uma investigação policia. O medo e o receio no rosto dos pais é uma máquina de estabelecer bloqueios. E quando crimes assim acontecem, sufocamos ainda mais as crianças, fechando ainda mais o canal de diálogo.

Não é o conteúdo "violento" que cria os "monstrinhos". E a falta de interesse dos pais em criar condições para o diálogo sobre tais conteúdos, sejam eles livros, filmes, games, sites, apps.

Minhas filhas serão assassinas por terem lido os livros e assistido ao filme "The Hunger Games"? Não sei. Mas tenho um papel fundamental em fazer as separações entre realidade e fantasia literária/cinematográfica.

De acordo com cada faixa etária e capacidade intelectual, psicológica, estudar, consultar especialistas e entender como construir um ambiente de confiança mútua e respeito para que elas possam expor dúvidas e receber proteção. E, quanto ao aprendizado, é um caminho de mão dupla.

Minhas filhas se tornarão viciadas em sexo ou candidatas a vítimas de abuso sexual ao se depararem acidentalmente (ou em buscas movidas pela curiosidade) com pornografia na Internet? Não sei, mas tenho um papel vital em mediar esses contatos com seus períodos de vida e maturidade emocional.

No caso do ambiente digital, quem não monitora o que seus filhos andam lendo ou conversando cedo ou tarde vai enfrentar problemas. Não existe ambiente seguro e isolado de predadores. E predadores nem sempre são as pessoas distantes, que existem apenas nas páginas de jornais. Podem ter idade semelhante. Podem ser vítimas reproduzindo comportamentos.

Em nossa época tínhamos pornografia, predadores sexuais e toda sorte de ameaças. Mas o volume e a facilidade ao acesso sem controle era infinitamente menor. A chance de uma criança de sete anos topar com um conteúdo de bestialismo, morte ou sexo com crianças era muito, muito remota. Videos e revistas sobre tais temas eram quase inexistentes e de difícil alcance. E difíceis de esconder.

Hoje, não. Ao alcance de um clique. Ou pesquisa por comando de voz. E qualquer criança sabe apagar um histórico de navegador.

As ferramentas de controle que temos a OBRIGAÇÃO de habilitar nos dão um mapa completo de suas navegações ou conversas. Muito além do histórico. Registro de IPs e horários. Registro de diálogos. Não é invasão de privacidade. Enquanto viver em minha casa, sob minha responsabilidade e for menor de idade, vai ter que seguir regras. Simples assim. E regras precisam ser transparentes.

Como sugestão, façam um teste agora.

Nada mais inocente do que o Youtube, certo? Quem ai não tem filhos que passam boa parte do dia vendo Carrossel, Violeta ou outras porcarias dessas, seja no computador, tablets ou smart tvs?

Então digitem uma palavra comum no cotidiano de qualquer família, como "esposa", por exemplo".

Contem-me do resultado.

E ai, entenderam? Caiu a ficha? Pois é.

E, depois, me digam se não devem usar o filtro de conteúdo presente no You Tube, Google, DuckDuckGo e até mesmo nos sistemas operacionais e roteadores, bloqueando palavras específicas e IPs de determinados sites que, como adultos, conhecemos bem.

Se você tem wifi em casa, é possível ter o acesso dos adultos livre e limitar o dos dispositivos das crianças (celular/ smartphone, iPod, câmeras digitais com acesso wifi, tablets e afins).

Vai emprestar o tablet? Bloqueie conteúdo. Dá trabalho? Muito menos do que lidar com filhos menores nas páginas policiais.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Vai conversar com sua filha agora ou vai esperar o sangue ser derramado?

No Brasil o cenário não é melhor do que na Índia quanto aos abusos sexuais em crianças. Principalmente da classe média para cima. Não vamos nos iludir. O relatório tem 82 páginas. Mas é leitura obrigatória para pais e mães, principalmente aqueles que estão decidindo agora se terão filhos.

Não procure ameaças fora de casa, apenas. Tente identificá-las em seu círculo seguro antes. Tapar o sol com a peneira não adiantará muito depois que os crimes acontecerem.

Vejam, não estou falando de meninas de 11, 12 anos que começaram a vida sexual de forma precoce, mas de maneira saudável e bem orientada, seja através da masturbação, seja através de relacionamentos eróticos-afetivos com outros meninos e meninas de faixa etária semelhante.

Nossas filhas usam a intenet, tem contato com as próprias sensações eróticas e conversam sobre o assunto na escola, com suas amigas. Sim, elas sabem o que acontece e o que as interessa. Somente não precisam tomar decisões antes que a própria vontade as conduiza a isso.

Fomos crianças e pré-adolescentes também. Temos nossas lembranças e sabemos bem como são as coisas...

Falo aqui do abuso sistemático e predatório de meninas de 2, 3, 4, 5 anos de idade, que é feito de maneira muitas vezes lenta e gradual, sempre com a coação, silenciosa ou não, como ferramenta.

Ficar em silêncio não ajuda em nada. Em nenhuma classe social.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sistema de #cotas, atalhos evolutivos ou como pular do espaço sem para quedas. por Felipe B

Acabo de assistir "Space Dive", um documentário da National Geographic/ BBC, dirigido por Colin Barr.

Estou chorando. Muito mais do que chorei no dia em que Felix Baumgartner pulou do espaço. Naquela ocasião só importava o feito e seu apelo midiático.

Aqueles que assistiram ao vivo ou tiveram apenas a chance de ver o feito comentado na MSM não imaginaram o imenso trabalho de back office que permitiu a quebra daquele recorde, a realização daquela conquista humana.

O documentário acompanha a trajetória de quatro anos até a realização do salto. É uma aula de PMI e sobre gestão de pessoas em times de trabalho. Um tratado sobre limites humanos.

Erros e acertos.

Uma prova de que não existem atalhos quando o que está em jogo é fazer o que a maioria das pessoas considera impossível.

Mas o meu choro não é por causa da manipulação emocional impecável que o diretor/roteirista conseguiu imprimir ao filme.

Meu choro é provocado pela raiva que me dá perceber que o sistema de cotas JAMAIS levará as pessoas que caem nessa armadilha ao mind set correto para estabelecer metas ambiciosas, no tempo correto, com os agentes certos realizando as suas funções.

Choro pelo tempo que estamos perdendo com o sistema de cotas ao não incentivarmos a superação através do esforço, do alavancamento de talentos em áreas-chave do pensamento humano.

No final, nos sobra a estátistica das migalhas, comparação de notas de cotistas com aquelas dos alunos do sistema universal. Uma fantasia perigosa, com dados cuidadosamente escolhidos para desenhar um quadro favorável.

Mas resultados, ideias, novas tecnologias, novos métodos e teorias para lidar com nossas mazelas sociais e desafios tecnológicos, start ups capazes de revolucionar a maneira com a qual o Brasil e o mundo lidam com o conhecimento e suas possibildiades, nada disso saiu da pena (ou dos teclados) de cotistas.

E se nada for feito com urgência, tudo continuará igual. Uma imensa massa de manobra com diploma de nível superior. Agradecidos. Corpos dóceis ao bel prazer dos sistemas de poder. Mentes dóceis, incapazes de transgredir para elevar os patamares da existênca humana.

As lágrimas secam, mas o trabalho, não. Muito para ser feito. Para convencer essa massa enganada que escola pública não é impeditivo para ascender intelectualmente, socialmente ou profissionalmente.

A única limitação é deixar alguém com uma caneta nas mãos decidir por você como será o seu futuro.

Aqueles técnicos (sim, técnicos. São necessários para qualquer país que sonhe em superar suas dificuldades) e engenheiros responsáveis pelo feito de Felix Baumgartner sabem o valor de ter a frustração como combustível para a superação.

Estão tirando esse elemento importante da vida dos cotistas. Estão querendo atalhos onde eles não podem existir.

Falta foco. Falta planejamento. Falta meta.

Pular do espaço é possível. Mas com o sistema de cotas, estão fazendo o Brasil saltar do espaço. Sem paraquedas.

Ainda dá tempo de abortar a missão e fazer direito.

Falta é vontade política.

Assassinos de mulheres a solta... dentro de casa.

Tenho insistido em relatar os casos de estupro e feminicídio para que se entenda a diferença dessas ocorrências em relação à violência cotidiana na Brasil. Matar, torturar, agredir e humilhar mulheres, tolhendo a sua existência plena sob um duvidoso prisma moral e comportamental virou uma prática sistemática no século 21.

Mas ainda é tempo de mudar.

Oferecer mecanismos que não tornem a mulher agredida vítima duas vezes (no ato da agressão e na busca por justiça, quando não raramente são consideradas culpadas pelo ato hediondo) é um caminho fundamental para começarmos a virar o jogo.

Que nossas meninas cresçam sabendo que podem viver de forma livre sem terem que receber "punição" por seu gênero.

O jornal O Globo de 20/12/2013 publicou números alarmantes sobre estupro no Brasil. Com foco no aumento de denúncias

Felizmente nossos números ainda estão longe dos EUA e Suécia, onde o estupro é uma epidemia, mas existem salvaguardas para que precisa denunciar esse crime. Não podemos relaxar. Deixar cair no esquecimento.

Até pelo fato do perigo não estar apenas lá fora, na rua, nos casos extremos. A maioria dos agressores está dentro de casa. Membros da família. E que contam com o acobertamento de outras mulheres no mesmo grupo familiar.

Temos uma pequena India dentro de nossas casas, com um código de (falta) ética e humanidade bem diferente na vida privada do que aquele que é assumido na esfera pública.

E em qualquer classe social. Com agressores e mulheres não-solidárias com as vítimas (coniventes com os agressores, seja por concordarem com o ato ou por serem coagidas) que ostentam formação superior.

Não é apenas uma questão de educação. É uma ideologia.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Estupro, feminícidio e infanticídio: epidemia

Começo o dia falando, mais uma vez, em estupro, feminícidio e infanticídio. Crimes que desmonstram claramente o nosso nível corrente de evolução social.

Infelizmente. Dessa vez a vítima tem dois anos de idade. Vão considerá-la culpada também, como fizeram com a moça em São Paulo?

A bebê foi violentada até a morte, aqui mesmo, no Rio de Janeiro, essa cidade linda e humana. Não, não feche os olhos.

Realmente alguém acredita que 30 anos de cadeia vão recuperar o sujeito que fez isso, o próprio padrasto? Ou o clamor popular leva a mudança imediata das leis, com castração química e incapacitação social do agressor ou logo os algozes não terão direito a justiça alguma. Morrerão nas mãos de cidadãos comuns.