sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dia dos pais é o caralho (para ser gentil)

Nos últimos 15 anos a turma da publicidade tornou quase insuportável o mês de agosto, com essa onda de Dia dos Pais. Um saco, uma palhaçada sem tamanho. Me expliquem os motivos que levam uma pessoa a desejar ganhar furadeiras, cuecas e meias, passar horas na fila de um restaurante carioca, cheio de cariocas que falam aos berros e enchem a cara sem noção, para comemorar um dia, que se fosse de fato nosso, deveria ser utilizado para fazermos o que desejarmos, sem interrupção. Querem me dar presente, me paguem uma massagem e tá ótimo.

Mais bizarro é ter que que decidir a programação desse dia "festivo e especial" com uma semana de antecedência. Porra, e se der onda (e vai dar - to monitorando ess swell e não vou perder). E se eu acordar sem vontade de falar com ninguém? Vou ter que ir lá, todo pimpão, fazer festinha? Não. Chega. É o meu dia e vou fazer o que eu quiser.

O pior é o bombardeio nas crianças. Até na escola, que se diz preocupada com a consciência crítica das pequenas, inventaram um jeito de arrancar mais dinheiro da gente, criando um passeio para os pais, a 76 reais por cabeça. Uma visita guiada ao Maracanã e uma churrascaria na sequência. Ou seja, reprodução de estereótipos, pai macho, fá de futebol e churrasco. Eu nem sou amante de futebol e não compactuo com a existência daquele elefante branco, caindo aos pedaços.

Os sem noção esquecem que a escola fica em um bairro com duas reservas ecológicas, que poderiam ser tema de um passeio, uma caminhada, uma confraternização simples e gratuita. Mas não, as toupeiras preferem encher um ônibus fumacento, gerar um puta fooprint de carbono em um domingo, perder duas horas em deslocamento por regiões feias da cidade, te levam uma grana e ainda chamam isso de homenagem, Só podem estar de sacanagem.

Vou ter que conversar com minhas filhas. Não quero ve-las frustradas, mas não vou dizer que gosto de algo apenas para agradar a duplinha. Tivemos um mês ótimo, grudados. Viajamos juntos para um hotel-fazenda. enfim, verdadeiros dias dos pais (e filhos), sem obrigações comerciais e publicitárias.

Acredito que a escola deveria conversar com os pais antes de propor passeios para as crianças, gerando uma ansiedade absurda. Tô puto. E se os pais estiverem duros? E se o restaurante escolhido for de qualidade duvidosa? E se eu não quiser conversar com outros pais naquele dia? Vou reclamar formalmente.

Essas datas são todas um saco e desnecessárias, não acrescentam nada no ponto de vista social (se quero ver alguém, pego o telefone e combino um chope - não preciso que me digam quando devo ver os meus queridos e queridas).

Minhas filhas saberão onde me encontrar: na praia. E quem quiser me ver (ou homenagear) está convidado.

Um comentário:

  1. Você é maravilhoso no ato de se expressar. PARABÉNS!!!!!Suas filhas só devem ter orgulho de um pai assim.
    Fernanda

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