segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pelo direito de nascer sem sustos

Me choca a virulência e distorção da realidade nas palavras dos obstetras contra as doulas, reveladas em cartas para a Revista O GLOBO, em resposta a matéria publicada em 18 de Julho.
Não vejo tanta força ao criticar os próprios colegas médicos que deixam bebês morrerem enquanto ficam aos tapas no centro cirúrgico. Não vejo tanta força na hora de criticar a indústria do parto no Brasil, onde gestantes de primeira viagem são estimuladas a fazer cirurgias, ainda que tenham a vontade de fazer as coisas da maneira para a qual forem concebidas.

A medicalização do parto no Brasil trouxe excessos que precisam ser coibidos, principalmente no Rio de Janeiro, uma cidade onde se programam cesáreas como se fosse uma cirurgia plástica ou outro procedimento estético.

Não é a toa que os médicos obstetras brasileiros levaram o Brasil ao triste índice de recordista mundial em cirurgias cesarianas desnecessárias, de acordo com a OMS. Superamos o Chile, vejam só!

No Brasil 79,7% dos partos realizados na rede privada são cesarianas, segundo relatório da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De acordo com o mesmo estudo, o índice é de 27% na rede pública.

Os índices recomendados pela Organização Mundial da Saúde, e praticados em nações culturalmente avançadas, ficam entre 10% e 15% do total de partos, mesmo assim em casos de extrema necessidade.

Aberração é parto com hora marcada ou mentiras em momento de fragilidade emocional sobre não dilatação, ausências de contrações ou a mais terrível e favorita dos médicos: enrolamento de cordão umbilical.

Falar em segurança para o bebê e propor anestesia é ignorar que ambiente hospitalar (pode ser chique, mas é muito mais sujeito a infecções graves) e anestesia aumentam em mais de 10 vezes os riscos para mãe e bebê.

Médicos sérios e com formação atualizada respeitam a mulher e a criança. Parece um cenário distante dos açougueiros natais cariocas.

Para ser primeiro mundo é preciso devolver as mulheres das próximas gerações o direito de escolha consciente, de informar-se antes de entrar na faca sem necessidade.

Sou pai de duas meninas, a primeira nascida de uma cesariana desnecessária. A segunda, nascida em casa, com todo o cuidado e carinho. E com a presença de uma equipe médica. E de uma doula fantástica.

Um comentário:

  1. Olá, blogueiro!
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    Obrigado por sua colaboração!
    Ministério da Saúde

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