quarta-feira, 16 de março de 2011

Viagem de volta aos anos 70

Minha filhota mais velha (faz 10 anos em Abril) tem assistido desenhos e programas de TV com referências aos anos 70 e à era da "disco music", como Bob Esponja, Lazy Town, HSM, a animação dinamarquesa
 "Disco Ormone" (no Brasil, Barry e a Banda das Minhocas, estragando um ótimo título).
Disco_Ormene_Plakat_800x600.jpg

Curiosa, ela quis saber mais. Pensei em Saturday Night Fever, mas era muito barra pesada. Daí lembrei de um filme que vi moleque (1981), quase na idade dela, em um cinema-poeira em Guadalulpe, um bairro na pouco glamourosa zona oeste do Rio, onde cresci e vivi até os 14 anos de idade, antes de cair nas maravilhas do Jardim Botânico. 

Era "Até Que Enfilm é Sexta-Feira (Thank God it's Friday, de Robert Klane, 1978), uma produção da Motown (isso mesmo, a gravadora Soul).  No elenco, Debra Winger (acho que foi o primeiro longa dela), fazendo uma mulher "careta" maravilhosa, Jeff Goldblum (primeiro papel de destaque dele - acho que é o ator cuja carreira acompanho a mais tempo seguido, adoro) como dono de boate pegador, Donna Summer como a cantora de NY querendo um espaço em LA, os Commodores como os amigos do DJ (na época, discotecário). O resto do elenco sumiu nas sombras. As "valley girls", que roubam o dinheiro do irmão e vão para a Los Angeles disputar o concurso de dança também são clássicas.
"Let's Dance" (levou o Oscar de Melhor Canção) é o clássico do momento "ressurreição do herói" no filme, interpretado por Donna Summer no papel de Tina Sims. Mas durante uma cena com o Goldblum toca um cover em roupagem disco de "Je Taime Mon Amour", do fantástico Serge Gainsbourg acompanhado de Brigitte Bardot. A versão é uma merda, mas curti assim mesmo.

TGIF (é, o nome da rede de lanchonetes vem dessa corruptela) é um filme simpático e sintetiza bem as situações que poderiam acontecer em um clube noturno. As roupas, as músicas, as gírias, os costumes, está tudo lá e de ma forma não muito agressiva. Eu lembrava de cada frase do filme, cada momento bobo. E da hora do concurso de dança. Não aguentei e levantei para dançar com Lia. Ela morreu de rir, mas entrou na onda. Afinal, eu fora obrigado a aprender as coreografias de HSM 1, HSM 2 e MSM 3. Foi a minha vingança. Tive apenas que tourear as cenas onde uma mulher abandona a amiga (a caretona interpretada por Debra Winger) e vai para uma festinha no apê de um maluco, com mais 7 caras. Nada explícito, mas para mim, tudo muito claro. Também tem uma cena onde uma dentista alopra o marido careta de outra mulher (a que está xavencando Jeff Goldblum)  com seu kit de pílulas (bolinhas, na verdade: anfetaminas e calmantes), que me fizeram lembrar o colega de MTV, Luis Thunderbird, o odontólogo mais louco que conheci. Mas prefiro explicar do que ficar com cara de trouxa daqui a alguns anos.

Foi legal ver, com ela, como o mundo, os xavecos, as situações da vida eram resolvidas sem celular, sem internet, sem redes sociais. Mas que alguns valores. "micos" e anseios continuam os mesmos 30 anos depois.

Um mês antes tínhamos assistido juntos ao filme BIG, QUERO SER GRANDE (BIG), com Tom Hanks. Constatei que no meio da década de 80 o tema mais importante para a molecada era o sexo. Crescer para trepar. Não me causa surpresa. A cena deles passando pelos puteiros de NYC é forte, assim como a situação no hotel. E todo mundo fumava!!! Filmes juvenis de hoje jamais chegariam tão longe.

Ter esse elo de ligação com o meu passado, com minhas referências pop é uma forma legal de fazê-la perceber um dos elementos que fizeram parte da construção da minha identidade.

Fico imaginando Lia mostrando Lady Gaga, Paramore, Restart e Justin Bieber para os filhos dela.

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