quinta-feira, 6 de novembro de 2008

torre de controle, mãe surtada avisa que vai decolar


voltar a postar sempre é estressante. os filhos mudaram. minhas meninas já são criaturas com personalidades distintas e necessidades exclusivas.

o caminho foi longo, com muito aprendizado. mas também, muita doutrinação.

não, nem tudo foi negativo.

sling, amamentação, dedicação à prole, cuidados com alimentação e educação na primeira infância.

mas porra, não somos máquinas.

fico chocado como mães que lutam por um mundo mais humano para suas crias podem ser tão cruéis com outras mulheres, que precisam achar seu espaço novamente.

no passado escrevi sobre isso, mas é hora de voltar ao tema.

tem gente que fica acuada entre a sogra careta e as amigas radicais.

sabe quando você PRECISA ter o seu peito de volta? quando a escolinha se torna fundamental para que você passe a existir novamente como mulher? naqueles momentos em que você quer ser dona da sua rotina?

pois é. muita gente escreve e palpita quando o assunto é parto natural (que defendo com unhas e dentes), amamentação exclusiva e coisas do gênero.

mas cadê a ajuda na hora de voltar a trepar? de voltar a sentir-se gostosa? de não ser apenas um peito com leite? de ter a liberdade de usar o seu tempo para não fazer nada.

não pense que a dedicação férrea à prole, se questionamentos vai ser 100% positiva.

vocie existe. indivíduo.

seu filho ou filha também.

de um espaço para que seu bebê de quase dois anos possa existir. outras crianças. outras doenças. outra relação com disciplina.

você não é brigada a completar TODAS as lacunas do manual da mãe moderna.

você quer trabalhar, flertar, ler, gozar, tudo isso sem ter o carimbo de mãe na testa.

e você pode.

você deve.

e pode ter certeza que sua cria vai agradecer.

não existe nada pior do que cumprir obrigações maternais quando se está sem saco.

foda-se que vão te olhar torto quando voce der um perdido

na hora do expulsivo ou do corte, na hora do bico rachado encarando os dentinhos, na hora dos cocôs intermináveis e da febre que não para é você ( ele(a)) quem está ali.

ou seja, palpites externos não são sequer bem-vindos.

alguém se oferece para ficar com sua cria enquanto você volta a alimentar sua cabeça com cultura e os outros aspectos da existência humana?

não deixe ninguém patrulhar você.

amamentou 6 meses? não quer mais? retome o seu peito.

ele é seu.

comemore sua menstruação.

celebre a plenitude do feminino, que transcende e não se limita à experiência maternal.

faça dos parceiros cúmplices nessa jornada de retomada do eu.

afinal, ser mãe não é padecer no paraíso.

vá voar, sem medo.

e deixe sua prole voar também

Um comentário:

  1. Oi, primeira vez aqui. Adorei seu ponto. Taí, temos direito de resgatar a vida além dos filhos. E ninguém dá força nesse processo. Ao contrário: mulher é cruel. Olha torto se a outra saca a mamadeira da bolsa. Bjos, Ju

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