quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dos relacionamentos abertos e suas consequências para os filhos: quando as coisas não dão certo

Essas últimas semanas tiveram o noticiário recheado de matérias sobre casais expondo seus filhos publicamente devido a problemas em suas condutas erótico-afetivas.

Uma preocupação comum em quem não adota o modelo monogâmico em seus casamentos é que as outras partes envolvidas tenham a mesma preocupação em manter o sigilo e o cuidado que as relações atípicas requerem.

Os homens, de forma geral, acabam comentado com alguém suas aventuras e suas conquistas. Algumas mulheres não agem de forma diferente ou com menor cuidado. O resultado do descuido pode ser uma exposição indesejável e pública de suas práticas íntimas.

Eu procuro deixar claro que não sou monogâmico. Não faço alarde nem apologia comportamental, mas tenho pouca paciência para lidar com hipocrisia. A parte chata é que nem sempre a outra parte envolvida tem liberdade ou transparência em suas relações. Isso acarreta em muitos desencontros quanto as intenções.

Vivenciamos um envolvimento intenso com uma mulher casada e popular no meio blogueiro. COm o agravante de estabelecermos uma relação de amizade entre as famílias. Evidentemente, havia intensidade erótica e estimulante baseada na premissa de que o cônjuge dela não sabia de nosso envolvimento. Contribuindo para o desastre, o bom e velho vacilo de manter registros de conversas digitais apimentadas, para lembrar depois (um erro básico).

Sim, nós homens e muitas mulheres apreciam esse jogo dúbio, de recriminar, mas brincar com o mito da traição. O problema surgiu quando eu passei a ser o responsável pela manutenção do segredo, uma vez que que sua prole poderia ser prejudicada caso o marido descobrisse.

Não seria totalmente descabido se eu fosse o único amante (como eu, ingenuamente, acreditava).

Não. Eram vários os amantes, mas apenas eu tinha o compromisso de manter o sigilo.

Não tenho problemas em deixar claro em minha estrutura familiar que namoramos outras pessoas, Mas com a história vivida, aprendi que, na medida do possível, é preciso averiguar se a outra parte tem as mesmas premissas de vida, de transparência em suas relações.

Longe de mim querer expor os filhos alheios ao escárnio público dos falsos moralistas. Mas não acredito ser justo engolir minhas verdades para ser guardião da mentira alheia.

Minha dica é: se quiserem brincar de viver sua sexualidade de forma livre, certifiquem-se de que os prováveis parceiros -principalmente se tiverem filhos-, estejam em sintonia quanto a forma de abordar a questão caso a relação seja revelada ou descoberta pelos filhos, parentes e amigos.


Manual de sobrevivência ao escândalo:

1) se descoberto, não negue. Tome as rédeas e afirme sua identidade no discurso.

2) se seus filhos tiverem idade para compreender, converse. Elabore o que vai dizer e assegure seu direito de viver sua sexualidade como quiser.

3) parentes tendem a julgar mais do que estranhos. Imponha limites claros a invasão. Para evitar a fofoca generalizada, proponha uma conversa aberta, sem acusações ou suposições. A vida e práticas sexuais do casal dizem respeito apenas ao casal.

4) se algo saiu da esfera pessoal e tornou-se público, mantenha a calma e não tente atitudes desesperadas de "limpar seu nome". A propagação é inevitável e diretamente proporcional às tentativas de apagar seus rastros. Assuma.

5) não produza provas contra você. antes e depois do problema. Acredite: nenhum vídeo, foto, texto, conversa em celular ou telefone fixo, torpedo e afins é seguro. Nenhum. Se você fez um vídeo de teor erótico e seus filhos já usam a internet é questão de tempo até terem contato com sua imagem "escondida". O mesmo vale para casais que utilizam sites de relacionamento para adultos ou frequentam ambientes liberais,como casa de swing e festas privadas. Alguém, sempre, vai registrar sua imagem e não adianta culpar os outros pela violação da sua privacidade.

6) um erro grave é achar que nossos filhos não tem interesse em assuntos sexuais ou práticas extremas. Se eles descobrirem de forma a sentirem-se traídos (o ciúme e repulsa em relação as sexualidade dos pais já existe mesmo que seja uma relação de monogamia tradicional), estabeleça o emprego de todos os recursos para recuperar a confiança deles. Isso inclui a ajuda de profissionais ligados a comportamento, como psicólogos e terapeutas familiares. Abandoná-los a própria sorte não trará benefício algum a nenhuma das partes envolvidas.

7) Nunca prometa que não repetirá suas práticas, sob pena de comprometer ainda mais a relação de confiança. Seja verdadeiro: se faz parte de sua existência um comportamento sexual diferente e particular, assuma. Não é preciso descer aos detalhes, mas mostre-se pleno no direito de viver sua vida de acordo com suas crenças.

8) Procure auxílio jurídico/legal se estiver sendo pressionado ou chantageado. Nunca negocie uma extorsão.

9) caso a ocorrência chegue ao ambiente profissional, não espere as diversas versões tomarem corpo. procure seu chefe direto e o departamento de recursos humanos da empresa para unificar a versão e seu posicionamento quanto ao ocorrido. Se você não feriu a lei ou as normas da empresa, aqueles que o colocarem em situação vexatória é que poderão sofrer algum tipo de advertência.

10) viva e deixe viver. Todos nós temos telhado de vidro. Evite atirar a primeira pedra, para que ela não se transforme em um bumerangue.

3 comentários:

  1. Sinto pelas suas filhas crescerem num meio promiscuo e de traicao, e o pior, acreditando que tudo isso seja normal. Nao e'. E ai o circulo vicioso que se segue: homem/mulher casado, promiscuidade, HIV. E ai nao sabem porque nao conseguem controlar a doenca. E' tambem sabido que a comunidade negra e' muito promiscua, o que se deixa claro tambem o por que de tanta doenca nessa comunidade. Shame on you por fazer suas filhas acharem isso tudo normal.

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  2. Não costumo responder a comentários anônimos, mas percebendo como o preconceito racial misturado a pouca capacidade de compreensão de literatura científica e sociológica promovem a capacidade de emitir opniões equivocadas e pouco perspicazes.

    Percebo que teve o trabalho de ler, mas pouca capacidade de entender. Ter relações com outras pessoas (ou mesmo mais de uma ao mesmo tempo...que delícia) não consiste em "traição" na medida que todos os envolvidos saibam e concordem mutuamente.

    Tampouco pode ser considerado promiscuo o intercurso carnal e lascivo entre adultos saudaveis e plenos do seu direito de foder, gozar, realizar fantasias e interagir de forma erótica com quem lhe convier.

    Como a intepretação de texto não parece ser o seu forte, vou procurar ser mais didático: foder e gozar pode e deve ser feito de forma segura, não importando os modelos de conjunção carnais possíveis. Inclusive é possível e saudável que uma portador de HIV possa viver sua vida sexual plenamente, bastando tomar os devidos cuidados preventivos.

    Tenho amigos soropositivos saudáveis, proativos e que, afortunadamente, tiveram a possibilidade de ter filhos plenamente saudáveis. Meu bom amigo John Stagliano talvez seja o melhor exemplo.

    Ah, desculpe, o Buttman é muito promíscuo para servir de referência para seu universo.

    A comunidade negra é tão promíscua quanto qualquer outra, e, não sei se percebeu, meu casamento é interracial, como gostam de dizer os "irmãos do norte" que raciocinam ed maneira obtusa como você.

    Quanto ao HIV me parece pertinente lembrar que está associado ao sexo sem proteção com pessoas portadoras da doença. A não ser que você acredite em castigo de deus para pessoas que vivem todas as possibilidades de sua sexualidade em sua vida adulta.

    Assim, se prefere acreditar em suas crenças sem embsamento consistente e torna-las objeto de cegueira sócio-cientifica nos moldes da TFP, fique a vontade. E como não apago comentários, peço que da próxima vez tenha a hombridade não promiscua de identificar-se ao manifestar seu pensamento.

    Sugiro que procure leitura mais adequada ao seu universo e concepção de moral limitados e sua capacidade de compreensão, ou que passe suas noites recebendo a verdade do mundo através das matérias de 40 segundos do Jornal Nacional, onde uma rapaz branco avi encher você de estatísticas sobre como a comunidade negra está espalhando sua promiscuidade pelo mundo. E boa feijoada.

    Felipe Barcellos

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  3. Claudia Velez Griffiths11 de julho de 2010 às 23:06

    Felipe,meu nome e' Claudia Velez Griffiths, e eu que escrevi o comentario acima.Estou respondendo para esclarecer uns pontos. Infelizmente posso ter passado uma impressao racista, o que nao foi minha intencao. Tenho queridos amigos que sao negros e uma das pessoas que mais admiro, e' negra.
    Nao, nao acho que hiv seja castigo de Deus para pessoas promiscuas. Porem, acredito em consequencias de atos. Como voce mesmo disse no texto, achou que fosse o unico amante da amante, e nao era. Nao estou citando especificamente seu caso, mas casos como este em geral. Quem garante que uma mulher/homem faca sexo seguro com todos(as) os varios parceiros todas as vezes? E os varios parceiros por sua vez, quem e' que sabe com quantos outros estas pessoas tem relacao desprotegida. Ve a cadeia? Sim, e' assim que se contrai hiv. Eu falo isso porque trabalho na area, e ninguem traz na testa "sou portador de hiv" muitas vezes nem sabe que e'. E ai, uma familia inteira e' exposta, e muitas vezes, destruida, por um comportamento de alto risco e irresponsavel. A questao nao e' somente moral, e' real e pratica.
    E quem me dera comer feijoada...!
    Claudia Velez Griffiths

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