quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Irã: 273 anos sem invadir nenhum país. Quem é o vilão?

Nossas escolas ensinam pouco sobre a Segunda Guerra Mundial. Muitos cresceram com a ilusão que Inglaterra e os demais aliados "salvaram" o mundo, mas "esquecem" de demonstrar que a Inglaterra declarou guerra à Alemanha. É com essa visão distorcida e maniqueísta que a maioria analisa os fatos do presente. Nem vale a pena discutir como os vencedores manipularam a história. A Alemanha de Hitler não declarou guerra à Inglaterra. O objetivo era a Rússia, cujo comunismo incomodava Hitler e os planos expansionistas do partido nazista. A Inglaterra era um exemplo de dominação global que Hitler copiava. Criar, manter e explorar economicamente colônias ao redor do mundo. Entre 1942 e 1945, os ingleses mataram cerca de um milhão de civis alemães com a estratégia chamada "Area Bombing". O objetivo era atacar a população civil durante a noite, causando terror extremo, desencorajando os sobreviventes a lutarem pela vida. Mesmo com um alcance midiático longe do "tempo real" de hoje em dia, o massacre britânico às residências da classe trabalhadora conseguiam passar maior sensação de poder do que atacar objetivos militares e fábricas, onde o cenário de destruição não causava o mesmo impacto visual na primeira páginas dos jornais. Além do mais, por serem camuflados, protegidos e afastados entre si, objetivos militares eram muito mais difíceis de bombardear (as bombas não eram precisas como hoje) do que as casas de classe média e da população rica, da elite germânica, quase sempre com áreas livres ao redor das construções. Além do mais, em caso de vitória, o espólio dos ricos e o parque industrial, assim como o conhecimento, tecnológico, científico e recursos naturais, deveriam ser preservados para aproveitamento dos vencedores e reconstrução dos serviços, além da formação de novos consumidores. Assim, a morte via bombardeiro massivo sobrou para os pobres, aglutinados em prédios e casas geminadas, geograficamente dispostas em quarteirões de fácil identificação quando vistos do ar. Toquei no assunto para alertar quem quem vai morrer em massa quando a Inglaterra, EUA e Israel atacarem o Irã e a Síria não será a elite dos aiatolás ou o regime ditatorial. Será o povo, como eu, como você. Dentro daquelas casas estarão crianças pequenas, como as nossas. Todas as guerras nas quais o Irã esteve envolvido no século 20 foram respostas a invasões e agressões aos persas, sendo a mais longa delas (oito anos) provocada quando o Iraque invadiu o Irã, com ajuda dos EUA, em setembro de 1980. O Irã não começou nenhuma guerra desde 1738, quando invadiu a Índia. São 273 anos sem atacar outra nação. E, desde então, sempre defendeu-se. Foi invadido em 1941 pela Rússia e pela Inglaterra, na Segunda Guerra Mundial. O Irã era neutro, mas tinha petróleo, fundamental para as ambições inglesas e russas na guerra contra a Alemanha. O rei iraniano, assim como Getúlio Vargas, era contra o comunismo e tinha forte relação com a Alemanha. Mas o Irã já produzia petróleo em larga escala, em terra, fácil de explorar. O Brasil, na época da invasão inglesa e russa, começava a perfurar seus primeiros poços e já escolhera que lado apoiaria, graças ao forte incentivo econômico dos EUA (financiaram a CSN). Assim, virou alvo dos submarinos nazistas em função da tomada de posicão e mandou 25 mil incautos (entre eles, meu pai) para a guerra. O mesmo está acontecendo agora, mas a leitura midiática é maniqueísta e equivocada. Pouco afeita a um referencial histórico consistente. "Bem" contra o "mal", é o que vende a mídia preguiçosa. Enquanto isso, Inglaterra, Israel, França e EUA, países que nos últimos 20 anos iniciaram a maioria dos conflitos armados, são vendidos como "salvadores da liberdade". Apoiar a destruição do Irã, é compactuar com um crime histórico contra o legado persa. E preciso não confundir o que pensa e vive a população do Irã com o regime voltado ao Islamismo radical. Vale olhar o país e o povo que Israel, França, EUA e Inglaterra querem destruir e roubar. Como acabaram de fazer com a Líbia, diante dos olhos de um mundo que confia cegamente na CNN, na BBC, no Bonner...Olhos abertos.

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