sexta-feira, 28 de novembro de 2008

da arte de saber compartilhar a maternidade

da pena das garotinhas que acham que maternidade enfeia a mulher. No processo de "burrice seletiva", as cabecinhas de tais moças só conseguem lembrar de exemplos desabonadores.

Os poucos neurônios não conseguem relacionar com maternidade mulheres belas e atuantes.

Fico impressionado com elas esquecem das milhares de mulheres lindas que têm um ou mais filhos. Algumas até famosas, mas a grande maioria as anônimas que encontramos no trabalho, no cinema, em shoppigns, na praia, sempre acompanhadas da prole.

Eu acho o máximo.

Além do mais, marcas de cesariana (é, ainda existem vítimas dessas quasesempre desnecessárias cirurgias...), peitos supostamente caídos (acreditem, vocês exageram...) estrias e celulite não são os detalhes que contam. Deve ser um infortúnio passar boa parte da vida ao lado de uma "porta", uma companheira burra mas com o corpo supostamente impecável. Triste, mesmo.

Tem que ser um homem muito babaca ou limitado para ficar sacaneando a mulher por ela estar "caída". Ah, vai casar com uma boneca inflável, pô!!!

Muitas dessas moças (hétero e homossexuais - entre as lésbicas e bi a cobrança para evitar a maternidade em prol da estética é ainda mais forte, mas não é politicamente correto falar nisso...) ainda estão no esquemão que envolve sofrer na balada pela atenção do outro e ainda depender da aprovação alheia. Usar o corpo é muito mais fácil do que recorrer à intelectualidade. E a insegurança que alimentam não deve proporcionar um sexo dos mais interessantes também...Tô fora.

Quem critica a maternidade, principalmente baseado em quesitos estéticos (fora os que defendem a teoria falaciosa da fome mundial...) demonstra uma clara tendência à intolerância e pouco respeito pela própria existência.

Imagino o que pensariam elas dessa mãe, uma bióloga carioca que decidiu usar o próprio corpo para garantir a sobrevida da filha que tem uma doença rara. Ela testa alimentos e substâncias que possam garantir um leite adequado à sua filha, que pode morrer ao ingerir algo inadequado. As seqüelas são um corpo com chagas e uma quase cegueira.

Mas a ligação com a vida está ali, plena. E, no fim, acho que é isso que conta.

Quanto a ajudar em casa, principalmente com os pequenos, fica a dica: mesmo as mulheres bem resolvidas eventualmente pintam as tarefas com tintas dramáticas. São tantas as dicas e cuidados e vontade de manter o controle que os homens que não são naturalmente devotados aos deveres domésticos se assustam.

Vale deixar rolar e não reclamar do jeito que fazemos as coisas. Como coloquei num dos últimos e mal-criados posts do meu blog, algumas vezes temos mais discernimento do que as mães para resolvermos certos problemas com os filhos e nas tarefas diárias. O motivo? Simplesmente porque percebemos as coisas de forma diferente, quebrando alguns paradigmas de puericultura e educação infantil.

Se quiserem ter o(a) companheiro(a) ajudando, deixem ele(ela) livre para tomar decisões. Funciona melhor e evita que se sintam "sob comando".

domingo, 16 de novembro de 2008

o brasil evoluído do século 21 permite o extermínio de meninas

como evidencia o nome do blog, tenho duas filhas pequenas.

eu poderia fzer cara de paisagem e atribuir tudo a uma mera coincidência ou versar longamente sobre as mazelas da natureza humana. não.

não dá para ficar calado. a situação é grave. e vai piorar.

curitiba é considerada a capital mais civilizada do brasil. os frios indicadores sócio-econômicos mostram uma cidade que superou os problemas das demais capitais brasileiras.

a origem italo-germânica de seus habitantes povoa o imáginário daqueles pouco versados em antropologia social.

sinal de inteligência. de educação. de prosperidade.

pois num intervalo de 11 dias deste corrente mês de novembro, três meninas entre 8 e 9 anos foram brutalmente assasinadas por homens.

brutalmente violentadas. estupro. sangue dor. perda.

isso na capital civilizada que é curitiba.

11 dias.

2008.

século 21.

nada surpreendente em um país onde ser do sexo feminino jea desperta suspeita.

no país onde alguns jornalistas de merda chegaram a insinuar que uma das meninas poderia ser a culpada de seu próprio infortúnio, apenas por usar um site de relacionamentos e ser articulada.

9 anos.

outro idiota que recebeu o direto de expressar suas bobagens em um dos pasquins que se auto-proclama o maior do país. culpou o sistema que não fornecia transporte escolar, fazendo com que a menina tivesse que usar o transporte público.

ou seja, os culpados são as vítimas.

cruel demais.

é tão atroz. mais atroz é saber que logo depois de dar essa notícia hoje a noite, patrícia poeta, mulher (deixaram ela passar dos 9 anos de idade sem morrer), vai chamar os gols da rodada, com um enorme sorriso no rosto.

brasil.

brasil que se acha capaz de falar mal do islamismo e dos costumes de algumas nações africanas que mutilam mulheres.

brasil.

que acha que a morte de uma criança pode ser explicada.

especialistas da tragédia.

a capa da principal revista semanal do brasil é um ator cocainômano que abandonou um folhetim fracasado para se tratar em miami.

outro dia, foi o merda do obama. poxa, menos três menininhas do terceiro-mundo para sacudir bandeirinhas dos EUA na próxima turnê mundial do político popstar.

as meninas assassinadas, violentadas e destruídas não terão esse prívilégio. ganharam madeira que vai apodrecer e terra pra caralho jogada sobre seus pequenos corpos violados e desprovidos de VIDA.

o privilégio de mostrar a verdadeira face deste país medieval, presidido por um palhaço, fantoche de merda, que representa bem onde chegaremos como nação.

como sociedade.

aos pais dessas crianças só posso deixar minhas lágrimas.

aos assassinos, meu orgulho de não ser religioso e poder tratá-los como merecem.

aos atores do jogo político-econômico, um aviso: o tempo está acabando.

minha paciência também.

sábado, 15 de novembro de 2008

ih, ó o cara aí, meu!


Tenho pensado muito em mei pai. sonhei com ele dia desses. tinha vindo em nossa casa, visitar as netas (não chegou a conhece-las). eu o abracei e disse que estava com muita saudade.
meu pai morreu em 1997, após lutar contra um cancer no abdomen implacável. morreu sofrendo, com dor. não fui ao enterro. odeio enterros.
desde então muita coisa aconteceu em minha vida, sendo a mais importante delas o nascimento de minhas filhas. e só então comecei a entender muti do que meu pai dizia e fazia.
descobri que sou parecido com ele. o que traz um certo conforto, apontando rumos que posso ou não tomar. que agora sei que posso escolher entre ser normal ou ser feliz.
quando eu nasci, meu pai já tinha 51 anos.
cultivava algumas amizades, era popular. em casa, autoritário. teve dificuldades com filhos libertários. primeiro, minhas irmãs mais velhas. depois, eu.
mas nunca deixou de nos amar, de nos apoiar, ainda que relutasse em aceitar nossos acaminhos e escolhas. era um homem muito inteligente e surpreendente. versado nas ciências do ocultismo, mestre maçon grau 33, quiromante e tarólogo. o mesmo cara que fora um herói de guerra, um advogado tardio, um corretor de imóveis, um comerciante e “professor pardal” em eletrônica.
o cara que me ensinou a dirigir, ainda moleque. que era capaz de sacar sua Colt 45 em discussões de trânsito. que levava toda a família para conhecer lugares distantes ao volante de nossa fumarenta Vemaguete com bancos vermelhos.
o cara que dirigia 200 quilômetros só para ver o filho quase afogado em uma sessão de surfe nas ondas violentas de Saquarema. o cara que recomendou que eu não exagerasse nas minhas masturbações pré-adolescentes, depois que, na véspera de uma viagem de férias, eu sai de um demorado sumiço no banheiro com o membro parecendo o personagem do filme O Homem Elefante. o cara superprotetor, mas que me deu uma moto quando moleque e quando fiz 18 me tirou o direito de usar veículos automotores. o cara que sabia que as mulheres seriam a maior fonte de distração de minha vida.
um mistério, o Seu Manoel.
mas hoje, é fácil lembrar dele como meu amado pai.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Senta que lá vêm história


A escola de minha filha menor convida, semanalmente, os pais das crianças para contarem histórias para a turminha. É uma oportunidade para as crianças tomarem contato com todos os modelos de família e suas características e peculiaridades.

No dia no qual seríamos os contadores, Lia decidiu assumir os trabalhos. Matou aula e preparou-se a manhã toda para contar uma historinha que faz o maior sucesso aqui em casa. O motivo é que eu sempre modifico o enredo toda vez que conto, o que garante risos noite adentro.

Lia contando e Dani reforçando os pontos do clássico Cachinhos Dourados capturaram a atencão da molecadinha.

Depois, saboreamos um suco de morango, a surpresa da Dora para seus familiares.

Foi uma tarde muito agradável e tomara que venha a se repetir.

domingo, 9 de novembro de 2008

Trocar e doar é amor pela vida

está acontecendo uma coisa muito bacana entre algumas pessoas de classe média, interligados pelos meios digitais.

A gente sempre guarda em casa alguma coisa que nunca mais vai usar, mas que ainda estea em bom estado,e, por isso, pode ser útil para alguém.

é claro que o primeiro impuslo é vender e tentar recuperar um troco, principalmente quando se trata de eletrônicos.

mas assim que você deixa a mesquinharia e o apego material bobo de lado, abre-se um universo de possibilidades, de cooperação e de respeito ao próximo e ao meio ambiente.

hoje, recebemos um doce de abóbora genial, feito pela Samanta, e de quebra, vieram umas roupas que eram de sua filha mais velha, agora uma adolescente de 13 anos.

Lia, minha filha de sete anos, é grandalhona e curtiu muito as "novas roupas". experimentou, vestiou uma composição listrada e desceu para brincar feliz da vida.

um gesto simples, que o esnobismo daqueles que não são nem ricos nem pobre fez demorar a ser aceito e respeitado

eu agradeço.

e fico feliz com a possibilidade de coisas que foram úteis e importantes para mim e minha família possam trazer um sorriso para alguém.

nosso sling teve um destino semelhante, e agora embala um bebê na Alemanha.

que essa energia continue a rolar.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

torre de controle, mãe surtada avisa que vai decolar


voltar a postar sempre é estressante. os filhos mudaram. minhas meninas já são criaturas com personalidades distintas e necessidades exclusivas.

o caminho foi longo, com muito aprendizado. mas também, muita doutrinação.

não, nem tudo foi negativo.

sling, amamentação, dedicação à prole, cuidados com alimentação e educação na primeira infância.

mas porra, não somos máquinas.

fico chocado como mães que lutam por um mundo mais humano para suas crias podem ser tão cruéis com outras mulheres, que precisam achar seu espaço novamente.

no passado escrevi sobre isso, mas é hora de voltar ao tema.

tem gente que fica acuada entre a sogra careta e as amigas radicais.

sabe quando você PRECISA ter o seu peito de volta? quando a escolinha se torna fundamental para que você passe a existir novamente como mulher? naqueles momentos em que você quer ser dona da sua rotina?

pois é. muita gente escreve e palpita quando o assunto é parto natural (que defendo com unhas e dentes), amamentação exclusiva e coisas do gênero.

mas cadê a ajuda na hora de voltar a trepar? de voltar a sentir-se gostosa? de não ser apenas um peito com leite? de ter a liberdade de usar o seu tempo para não fazer nada.

não pense que a dedicação férrea à prole, se questionamentos vai ser 100% positiva.

vocie existe. indivíduo.

seu filho ou filha também.

de um espaço para que seu bebê de quase dois anos possa existir. outras crianças. outras doenças. outra relação com disciplina.

você não é brigada a completar TODAS as lacunas do manual da mãe moderna.

você quer trabalhar, flertar, ler, gozar, tudo isso sem ter o carimbo de mãe na testa.

e você pode.

você deve.

e pode ter certeza que sua cria vai agradecer.

não existe nada pior do que cumprir obrigações maternais quando se está sem saco.

foda-se que vão te olhar torto quando voce der um perdido

na hora do expulsivo ou do corte, na hora do bico rachado encarando os dentinhos, na hora dos cocôs intermináveis e da febre que não para é você ( ele(a)) quem está ali.

ou seja, palpites externos não são sequer bem-vindos.

alguém se oferece para ficar com sua cria enquanto você volta a alimentar sua cabeça com cultura e os outros aspectos da existência humana?

não deixe ninguém patrulhar você.

amamentou 6 meses? não quer mais? retome o seu peito.

ele é seu.

comemore sua menstruação.

celebre a plenitude do feminino, que transcende e não se limita à experiência maternal.

faça dos parceiros cúmplices nessa jornada de retomada do eu.

afinal, ser mãe não é padecer no paraíso.

vá voar, sem medo.

e deixe sua prole voar também